quinta-feira, 26 de outubro de 2017

PANORAMA

TEMER DEU CERTO

E, como já era esperado, a compra, digo, o empenho e o poder de convencimento do governo para arquivar a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, deu certo. Foram 251 votos favoráveis e 233 contrários. Dois deputados se abstiveram, também conhecido como 'acovardaram' e outros 25 se ausentaram, ou seja, 'correram do pau'. A votação contrariou, em parte, as previsões do Palácio que apostava suas fichas, sempre com nosso dinheiro (fala-se em algo em torno de 1 bilhão em setembro e outubro por meio de empenho de emendas parlamentares, fora as nomeações de aliados, o Refis, mudanças no trabalho escravo), de que teria pelo menos 270 votos. Mas como a traição daquela gente, principalmente contra o povo, não é novidade por lá, o resultado aí está e serve para que se reflita sobre 2018, ano de eleições.

OBSTRUÇÕES 

E no cenário de muita expectativa, uma vez que o governo gastou o que tinha e até o que não tinha para assegurar o presidente Temer (77 anos) e seus principais aliados (ou seriam cúmplices?), ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco (somados uns 160 ), nos cargos, não é que Temer foi parar no Hospital do Exército? A exemplo do que costumam fazer os políticos quando a coisa aperta (é um tal de internações, indisposições, suspeitas de doenças graves, afastamentos repentinos para cirurgias urgentes, etc), o presidente mais na corda bamba e, talvez, o mais enrolado da história - acusado de corrupção passiva, por obstrução de Justiça e participação em organização criminosa, teve um desconforto por causa de outra obstrução, desta vez urológica. Mas sua assessoria nos informa que o chefe do quadrilhão do PMDB, sua excelência, passa bem e já está em casa, devido e certamente, sendo desobstruído pela bela e jovem esposa.

SÓ O COMEÇO

Se engana quem pensa que a luta terminou, isto é, que o custo de sobrevivência para que o presidente Temer fique até o dia 31 de dezembro do ano que vem está assegurado. Pra começar, a economia tem de melhorar muito e vários projetos, como a reforma da previdência, devem seguir como o planejado e ser aprovados por uma maioria que o governo começa a, sem trocadilho, temer. O Tesouro precisa fazer caixa (um de preferência) urgente, pois o ajuste fiscal virou promessa e os serviços federais sucumbem às barganhas do governo. Foram gastos mais de R$ 4 bilhões em emendas parlamentares antecipadas e mais de R$ 10 bi em dívidas refinanciadas em condições generosas para produtores rurais, dinheiro que precisa aparecer para aplacar a fúria dos lavradazes. Fora a rebelião na base aliada do PP, PR, PSD e outros partidos do "centrão" que cobram ministérios, cargos e verbas para continuar apoiando o governo. Como se vê, não foi à toa que o presidente 'passou mal...

PEDE PRA SAIR


E já que estamos falando em sujeira, corrupção, Congresso Nacional e custo Brasil para blindagens, nos lembramos da volta triunfal de Aécio Neves ao Senado. Depois de 'mandar' o Conselho de Ética (ahn, ética?) arquivar o segundo pedido de abertura de procedimento disciplinar (11 votos a 4) e de retornar à Casa com todos os direitos políticos assegurados, após o afastamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF), motivado por gravações pedindo dinheiro a Joesley Batista, da JBS, Aécio agora trabalha para continuar como presidente do PSDB (pelo menos até o fim do mandato que termina em dezembro, o famoso 'eu saí pela porta da frente'), mesmo sabendo que isto contraria o entendimento majoritário da cúpula do partido por considerar uma temeridade ele continuar. Para o tucano e vice-presidente, Tasso Jereissati, sua permanência 'arrebenta' com a imagem do partido, já arranhada com a votação pela anulação da decisão do STF. Sem falar nos prejuízos, em 2018, sendo este o ponto crucial para todos aqueles que só pensam no próprio umbigo.

SIM OU NÃO?

Sem conhecer ainda o resultado do plebiscito de domingo (29), para saber se a população de Niterói é  - foi - A FAVOR ou CONTRA o armamento da Guarda Municipal, desde já faço elogios à iniciativa democrática de deixar a maioria decidir sobre o que quer pra sua cidade (se for este o único motivo). Entretanto, a sinalização, caso seja - tenha sido - pelo SIM, pode não representar o melhor caminho uma vez que a população, por estar amedrontada e refém nas casas, no comércio, no trabalho, nos veículos, nas ruas, escolas e morros, deseja muito se sentir segura e a opção de mais agentes dando suporte, desta vez armados, não significa, necessariamente, que vão conseguir reduzir os índices de criminalidade, tampouco, desestimular uma bandidagem cada vez mais disposta a tudo, preparada com sofisticadas armas e com leis frágeis, estas sim, a protegê-los. Não vejo com bons olhos a nova prática, se aprovada pelo plebiscito, por entender que ela promoverá mais violência, consequentemente, aumento do número de conflitos, através de perigosos confrontos entre uma guarda mais visada, vulnerável e sob tensão de um lado, do outro, criminosos cujo objetivo é - e sempre será enquanto os políticos permitirem - matar, roubar, estuprar, sequestrar, barbarizar e nós, simples mortais, desarmados, sem poder de defesa e apavorados, no meio.

NOTÍCIA BOA

Para não dizer que não falamos de flores e que nossa coluna só aponta defeitos dos governos, corrupção e outros malfeitos de políticos brasileiros, aliás, os mais corruptos e menos producentes do planeta, numa relação custo-benefício, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central acaba de anunciar a redução da taxa básica de juros da economia de 8,25 % para 7,5 % ao ano. A estimativa dos analistas é positiva e de que o juro continue a recuar nos próximos meses, chegando a 7 % ao final de 2017 (mesmo assim, o Brasil continuará a ocupar o terceiro lugar no ranking mundial de juros reais). Isto está bem longe do ideal, pois também continuaremos a ter um dos créditos mais caros do mundo, haja vista os juros dos cartões e dos empréstimos, por exemplo. Mas como não torcemos para o quanto pior, como faz a maioria da oposição brasileira - fictícia e aproveitadora -ficamos no aguardo da melhora real da economia como um todo, com a geração de empregos, novos investimentos, controle da inflação o que trará  eficiência nos serviços públicos e, claro, sobre os gastos públicos e a roubalheira, este sim, o calcanhar de Aquiles e o grande mal que assola o País. 


Frase da Semana: 

Na esteira do plebiscito de Niterói, bem que o governo federal poderia fazer um plebiscito (referendo) para saber se a população é CONTRA ou A FAVOR da pena de morte ou prisão perpétua para quem pratica crime hediondo, da maioridade penal e do porte de arma.