terça-feira, 31 de outubro de 2017

BRAVO, BRAVO!

O Brasil não tem povo. Tem público. Esta frase, dita pelo jornalista e escritor Lima Barreto, sintetiza muito bem o que vem acontecendo com o País, principalmente, nos últimos anos, tomado que foi de assalto pelos ladrões - muitos nascidos e oriundos dos Três Poderes - e, a população, na plateia, assistindo a tudo sentada, de braços cruzados, quase sem esperança de que exista algo que possa ser feito. A relação, pra lá de promíscua, entre o estado republicano - forte, soberano e cheio de privilégios -  e a sociedade, complexada pelo vira-latas de Nélson Rodrigues e repleta de culpados por aceitarem o jugo vindo através das migalhas, nos leva aos resultados de hoje, isto é, de extrema submissão aos senhores do poder que fazem o que querem, quando querem, tripudiam e riem da cara de todos, até deles mesmos, e, de quatro em quatro, ou de dois em dois anos, conquistam o direito legítimo de fazê-lo. Além da obrigação de votar e dos eventuais movimentos por mudança, que incluem as manifestações nas ruas e redes sociais, o povo brasileiro, raramente, participa de decisões políticas de verdade e esta cultura tem passado de geração em geração desde a antiga República quando só votavam os homens, os chamados 'cidadãos' e os coroneis, donos de grandes latifúndios, controlavam tudo em sua região, inclusive o voto dos subordinados. Os livros expressam muito bem a dependência: "eu te dou auxílio para educação, cuido da saúde de sua família, te dou o emprego, etc,. etc,. e você vota em quem eu disser". O voto de cabresto que os jornais de agora mostram o tempo todo. Diante dos desvios monstruosos de verbas públicas, políticos corruptos, votos secretos, imunidades, impunidades, mentiras e mais mentiras, promessas e mais promessas e das togas reluzentes - com raras exceções - a vestir autoridades com mãos pesadas, principalmente, contra quem não pode pagar ou só tem prestígio naqueles fatídicos domingos, dias de eleição, a maioria do povo brasileiro permanece inerte aos problemas da Nação, sem omitir opiniões, sem distinguir e sem acreditar que é possível deixar de ser apenas um coadjuvante e passar a mudar o fim daquele espetáculo que ele não quer mais somente aplaudir. Devemos acreditar que isto é possível, entretanto devemos fazer a nossa parte, ou seja, escolhendo melhor nossos representantes, a viabilidade de suas promessas, seu passado e não permitindo que o voto seja comercializado. Fácil? Não. Possível? Sim, desde que queiramos um Brasil melhor pra todos.