quarta-feira, 2 de agosto de 2017

DE CARNE E OSSO

Vivemos num mundo 'moderninho pra caramba', principalmente, em termos de comunicação. Mas não há como negar a importância das novas tecnologias. Em uma sociedade globalizada, em que tudo exige rapidez e deve ser feito em uma velocidade em que o agora se torna passado - e ultrapassado - em segundos, a internet tem o papel de suprir a distância, otimizar o tempo e diminuir as barreiras socioeconômicas, possibilitando uma maior democratização ao acesso à informação. E tudo isto é muito bom, haja vista os vários benefícios trazidos quando emissores e receptores se compreendem, por exemplo, através das mensagens trocadas via redes sociais (e-mails, face, whatsapp,orkut, twitter, msn), nos smartphones e nos velhos telefones, estes quase em desuso nos dias de hoje. Tudo numa velocidade imaginável em cabeças como a de Júlio Verne com seus mundos inimagináveis. Só que, em muitos aspectos, o modelo tradicional vem se perdendo e fazendo a cada dia mais e mais vítimas no que se refere à boa relação entre os indivíduos. Aquela do olho no olho, do cara a cara (se bem que os skypes vêm tentando aproximá-los à sua maneira), aquela que diz respeito aos amigos, à velha relação entre pais e filhos, à família e até à educação, tanto aquela do trato entre os seres, quanto a praticada dentro das escolas. E é neste ambiente, que deveria ser de  aprendizado, bem como do contato direto, vêm surgindo as maiores vítimas pois de um lado temos a escola a cobrar integração e responsabilidade dos alunos e dos pais perante as faltas e trabalhos de casa - se é que ainda existem -, do outro, (ir) responsáveis exigindo aprovação, independente da performance e do número de faltas durante o ano letivo e usuários (alunos) de um sistema que os torna dependentes e cada vez mais frios em se tratando de relações interpessoais. O resultado tem sido notas baixas, insubordinações, agressões e indiferença dos alunos, professores insatisfeitos e a confirmação de que vive-se quase um 'autismo eletrônico' tamanha a relação, a dependência entre o homem e a máquina e as dificuldades em entender as regras de convívio social, a comunicação não verbal, a intencionalidade do outro e o que os outros esperam dela. Assim, aquilo que poderia ser de grande valia (guardando-se as devidas proporções, nenhuma invenção poderia ser melhor que a internet), vem criando um mundo paralelo onde as chamadas redes sociais nem de longe pode-se chamar de existência. Quando aparatos tecnológicos tornam-se intermediários da vida real, trazendo inúmeras dificuldades funcionais, o impacto na eficiência da comunicação é muito grande fazendo com que o desenvolvimento do cérebro mantenha-se cada vez mais insuficiente para exercer as funções necessárias para a interação social. Aí, aquilo que poderia agregar, tem provocado um afastamento maior e mandado a vida para um outro lugar. Aí, tudo fica sem 'pegada'.