quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

SEM PREÇO E PRESSÃO

Assistimos, meio atônitos e curiosos, algumas nomeações publicadas em DOs sobre os colaboradores diretos - os chamados indiretos seriam os aprovados em concursos públicos que não dependem de efemeridades?- de prefeitos (secretários, coordenadores e, até, deles, os eternos aspones) que acabam de assumir. Independente de ideologias, questões partidárias ou, até mesmo, do voto que os elegeu, a torcida é para que acertem pois o momento é de união e está em jogo a qualidade de vida. E no fogo e na fogueira de vaidades o 'rico dinheirinho'. Entretanto, sem deixar de pensar em sua capacidade (claro que a dos aspones e indicados por partidos da base todos conhecem bem) profissional, moral, ética e se possuem fichas limpas, as perguntas do momento que não querem calar são: ao passarem pela vida pública se deixaram levar pelo canto da sereia (os encantos do cargo ou função também), aquele que costuma avaliar o caráter de alguém? Praticaram algum tipo de corrupção. Estão, de fato, aptos e dispostos a trabalhar pela população, retribuindo a confiança depositada? Querem servir ou se servir? Têm preço? Neste diapasão, logo vem à mente o livro de Yuval Noah Harari, “Homo Deus- Uma breve história do amanhã”, principalmente quando propõe pensar a humanidade em si mesma:  "Por milhares de anos, reviravoltas tecnológicas, econômicas e sociais fizeram parte da história. Mas, algo permaneceu constante: a humanidade em si mesma…… as estruturas mais profundas da mente humana não se alteraram"…. das quais ouso dizer que a corruptibilidade é uma delas. Muitos são os exemplos diários de corruptus (do latim, "ato de quebrar aos pedaços", ou seja, decompor e deteriorar algo; do tupiniquim, roubalheira), e é daí que vem a preocupação maior: os que acabam de assumir mandatos e funções administrativas são corruptos ou não? O tempo histórico foi suficientemente longo para nos convencer que a luta contra um dos males maiores da humanidade é constante. Os exemplos estão aí, disponíveis, mostrando que democracia, as instituições e a permanente vigília do cidadão de bem têm sido os melhores antídotos, não para eliminá-la, mas para torná-la suportável, a nível de penalizações legais severas e adequadas, sem o que a sociedade ficará totalmente comprometida. A onda gigantesca do conluio de corruptos e corruptores, com ou sem o maior projeto criminoso montado no País, seduzido ou não pelas odebrechts da vida, mostra, para vergonha e humilhação nossa, o quanto, neste caso, foi ultrapassado o nível suportável. O porte e a riqueza do País, o seu recente passado de colonização ibérica, em que impunidade e imunidade estiveram sempre presentes, contribuíram para a situação atual, em que o vazio de valores morais e civilizados, foi ocupado pelo lucrativo negócio do assalto aos cofres públicos. Mas não é só isto, tampouco pode servir para justificar a índole de quem não tem é vergonha na cara. De qualquer maneira, os arquétipos, derramados do topo da pirâmide social, existem, tornando-se epidêmicos e não haverá sociedade que sobreviva satisfatoriamente se não mudarmos, por exemplo, a cultura do 'meu pirão primeiro', do 'quem pariu Mateus...' , 'não adianta, se eu não fizer outro faz' e a estúpida máxima de que 'todo homem tem seu preço'. Vamos fazer, cada um, nossa parte, refletindo, observando o que acontece à volta e, quando possível, de maneira muito séria, denunciando às autoridades o que não nos parece adequado. E probo.