segunda-feira, 17 de outubro de 2016

SEM FRONTEIRAS

Uma boa parte do mundo demagógico em que vivemos pede o fim urgente dos muros e fronteiras mais receptíveis para migrantes e, como nos casos em voga, imigrantes que desejem fugir de seus pesadelos, refugiando-se em outros países, ou conquistar novas oportunidades. Até aí, demagogos ou não, todos, têm - pelo menos deveriam ter - respeito pela vida, principalmente, de crianças e idosos e por vítimas de guerras, guerrilhas, motivação religiosa e da falta de oportunidades. Mas não se pode esquecer que muita coisa mudou desde a época de nossos antepassados (meus avós vieram de Portugal e da Itália e foram muito bem tratados), quando a prática do 'de lá pra lá, de cá pra lá' era, digamos, mais previsível e não havia mudanças comportamentais e de hábitos tão acentuadas como agora. O tempo de viver em casas sem muros e de deixar portas e janelas abertas, além de uma economia estável que assegure alimentos e empregos suficientes para todos, infelizmente, passou. Vivemos em outro mundo, com excesso de populações carentes que, por terem aderido ao politicamente correto, muitas vezes não conhecem limites. Sem falar nos traumas e transtornos que muitas trazem há gerações. Portas, trancas, muros e seletividade, já nas fronteiras, nos portos e aeroportos, são indispensáveis em todos os lugares. O que não significa que, tanto o Brasil, como o resto do mundo, não possam se unir para diminuir in loco, em seu próprio meio, alguns dos principais flagelos provocados pela desigualdade, pelo extremismo religioso (como agora no Oriente Médio e norte da África) e pela ganância desenfreadas de quem tem muito e quer distribuir pouco. Entretanto, isto não acontecerá com a simples construção de muros, como na fronteira entre os EUA e o México - mais uma das propostas ridículas do candidato americano, Donald Trump, - tampouco com a instalação de cercas anti-imigração (desde a queda do Muro de Berlim, em 1989, vários países europeus já construíram ou começaram 1.200 km delas, custando pelo menos US$ 570 milhões), que só conseguem aumentar o problema pois vêm forçando as pessoas a pegar rotas mais perigosas para o Velho Mundo. Seja por terra, seja por mar, onde vem acontecendo tragedias quase todos os dias as quais, demagogicamente, parecem contar, apenas, com muita comiseração das pessoas e pouca, pouquíssima, ação das autoridades. O que não ajuda em nada quem deseja cruzar fronteiras para tentar a sorte em outro pedaço de chão, menos desigual e mais tolerante.