Quando se trata de política, principalmente, em período de campanha eleitoral, véspera de eleição (faltam 12 dias) como agora, uma das frases mais ouvidas é faça um voto consciente. Em casa, nas ruas, nas escolas, nos locais de trabalho e na mídia é comum se deparar com o clichê. A todo momento, macifica-se a importância de votar, o gesto como uma questão de cidadania, um direito social conquistado a duras penas, a expressão da vontade popular, soberana em uma democracia, blá, blá, blá (com todas as vênias às boas intenções de todos que as proferem). Mas a verdade é que tudo é muito mais fácil falado, isto é, no discurso repleto de palavras bonitinhas, o politicamente correto, mas na hora H têm prevalecido os interesses particulares ou o desinteresse provocado pela descrença na classe política e corrupção quase desenfreada de norte a sul, da esquerda e da direita e nas instâncias ou entrâncias maiores ou menores. Salvo exceções, tanto dos eleitores conscientes, quanto dos poderes que se esforçam para tratar da coisa pública como de todos. Mesmo! (E salvem as baleias!) E daí, o que pode ser feito para todo preâmbulo não ser apenas retórica e velho clichê? Existem passos a serem seguidos para se votar com consciência? Quais você deve seguir
para ter certeza de que está fazendo uma boa escolha? Vamos aqui
trazer algumas ideias que você deve ter em mente na hora de escolher
seus candidatos. Alguns pontos para observar antes de definir seu voto:
1) Conheça os cargos a que os candidatos a prefeito e vereador estão concorrendo. Ambos possuem diferenças entre si, quanto aos deveres e responsabilidades desses dois agentes
públicos, além do sistema eleitoral sob
o qual cada um é eleito. Muitas vezes um candidato pode ser
uma ótima pessoa, mas simplesmente não ter perfil para o cargo a que
está concorrendo;
2) Conheça os candidatos, partidos e/ou coligações. As propostas principais de cada candidato, a verdade nas palavras e ações, vendo com quais
delas você mais se identifica. A afinidade ideológica é muito
importante, afinal existem grandes ideias sobre a melhor maneira de se
gerir uma sociedade. Entretanto, ainda fica faltando considerar um aspecto importante: a lisura do candidato.
Seria aquele um candidato corrupto, interessado apenas no que ele pode
ganhar para si com a política? Se é Ficha Limpa, tem pendências no TSE (o Tribunal Superior Eleitoral
mantém um site com diversas informações sobre os candidatos durante as
eleições). Outros pontos importantes são saber a história do candidato, em detalhes,
revelando coisas importantes sobre o passado e suas convicções, dando uma ideia melhor sobre sua aptidão ao cargo em questão e em que partido ele milita? Este partido
formou coligações com outros partidos? Quais foram eles e se estão envolvidos com episódios, não recomendáveis, em se tratando de ética, moral, malfeitos, por exemplo, propinodutos, impeachments, mensalões, petrolões, etc.? Ou o contrário, o que o partido do candidato - que você está de olho - tem feito para melhorar a política e a vida de brasileiras e brasileiros? Tudo isto é
importante, afinal não há candidaturas independentes no Brasil.
3) Conheça as regras do jogo, pois as
eleições podem ser encaradas como um grande jogo, uma
disputa condicionada a um conjunto de regras que as tornam (em teoria)
mais justas e democráticas. Você sabe como ficaram as regras do financiamento de campanhas? Já ouviu falar sobre o quociente eleitoral, que ajuda a definir quem estará na câmara de vereadores da sua cidade. Sabe como se divide o tempo no horário eleitoral? E o que é permitido ou proibido como parte de uma campanha política (showmícios, distribuição de brindes, etc)? Todos estes detalhes contam bastante e é importante que você como eleitor os entenda.
4) Saiba em detalhes as opções que você tem na hora de votar, como não esquecer os números de seus candidatos. De preferência, anote-os e leve com você no dia da votação. Você pode sempre anular seu voto ou deixá-lo em branco.
É um direito seu, apesar de que ambos acabam por invalidar seu voto e
ter impacto zero na apuração do resultado (apenas dá uma forcinha para o
candidato mais votado). Cabe a você decidir se anular o voto é mesmo a
decisão mais acertada.
5) Não venda seu voto. Além
de ser, obviamente, uma prática ilegal, tratar seu voto como mercadoria é
de um descaso inadmissível. Ao fazer isto, você abdica de seu
papel como cidadão. A democracia é jogada no lixo.
Estas são, apenas, algumas 'dicas' para que se exerça a cidadania em toda sua plenitude, obtendo, assim, um efeito melhor e uma relação entre o eleitor e quem deverá representá-lo nos próximos quatro anos. Bobagem ignorar tais aspectos. Muitos acreditam que não faz a menor diferença
gastar tempo pensando nos melhores candidatos – afinal, dizem, 'eles são
todos iguais e no fim das contas sempre se revelam corruptos'. A verdade é que um voto consciente sempre será melhor do que um voto não consciente: um
voto vendido, anulado, ou feito na brincadeira. Se existem problemas
que precisam de uma mudança que vai além da consciência ou da instrução
dos eleitores, eles não podem impedir ninguém de exercer sua
responsabilidade como cidadão. Sendo, assim, nestas eleições, não se esqueça: vote consciente!