sábado, 2 de março de 2013

LIÇÕES DO BUMBA

Em 2010, Niterói foi para as primeiras páginas dos jornais mostrar um lado negro. A cidade lindíssima, conhecida pelas belezas naturais e por ter uma das melhores qualidades de vida do país, apresentou ao mundo uma tragédia causada, principalmente, pela ocupação desordenada, falta de oportunidades e omissão de governos. O Morro do Bumba todo desceu, ceifando a vida de 51 pessoas e pode ter enterrado pelo menos mais duas centenas. Muitas vezes, como depois da casa arrombada é que se pensa na segurança, ficamos a nos perguntar se, dois anos depois, algo foi feito para minorar o sofrimento daqueles que perderam o pouco que tinham? Não é preciso nem ir ao local para constatarmos a realidade brasileira que é sempre tirar o sofá da sala ou jogar o lixo para baixo do tapete. No caso, os traídos e desleixados somos nós, acostumados com os desmandos e à pouca importância das autoridades tempos depois que a pauta cai. Não é preciso voltar ao Bumba para saber que as encostas estão sendo ocupadas pelo que restou das famílias dos sobreviventes - e até por novos 'aventureiros' -, pelas edificações surgidas e o tal do aluguel social está defasado. Isto quando consegue transpor toda a 'burrocracia' imposta pelo poder público somente em casos assim, relacionados ao cidadão humilde. Não é preciso ir a Niterói - tampouco à Região Serrana do Estado do Rio e ao que restou da Boate Kiss - para sair convicto de que nossas autoridades agem como cágados quando se refere à prevenção de tragédias como todas estas e providências para evitá-las. Enquanto o país tiver os maiores índices de corrupção e leis benevolentes, aquelas que sugerem o cometimento de crimes por pura negligência e leniência dos órgãos fiscalizadores, pessoas serão enterradas vivas ou continuarão a ter como certas apenas a incerteza da dor, da desigualdade e da morte antes da hora. No caso de Niterói, resta a esperança de termos um novo governo voltado para tentar diminuir o sofrimento da população, sem aqueles conhecidos blá-blá-blás na maioria das vezes surgidos só em períodos eleitorais. Que o prefeito Rodrigo Neves não se afunde como os moradores do Bumba e do seu antecessor, conseguindo verbas para que a população mais carente tenha dignidade, podendo se orgulhar de viver em Niterói. Não se esquecendo, o jovem político, que as desgraças tiram mais votos do que conquistam eleitores. Exemplos, temos de sobra.