segunda-feira, 16 de julho de 2012

PARTIDOS DA BOQUINHA

O quê você acha que prevalece em uma eleição no Brasil? Uma campanha políticamente correta, com partidos e candidatos éticos e de boas propostas ou a ideia de um puro assistencialismo onde a prática é o 'você vota em mim que eu te arranjo um sapato, um emprego pra sua filha, uma 'aposentadoriazinha'? Mas pode ser, ainda, 'uma polpuda nomeação, uma fina bebida ou outra iguaria irrecusável, vindas, todas, num pacotaço'? Esta questão se assemelha àquela que considera mais fácil linchar um assaltante do que dar-lhe direito de defesa. A justifica principal é que as parcelas menos esclarecidas da sociedade parecem pouco democráticas, elas se beneficiam menos com a democracia. Já as pessoas com nível intelectual mais elevado aceitam melhor a ideia de um sistema político aberto, até porque entendem mais do assunto. Cada vez as regras democráticas são menos importantes no Brasil à medida que fracassam ou não funcionam em benefício dos mais pobres. Partidos e candidatos puros, ideólogicos, não representam vitória numa eleição. Falar em melhorias para o cidadão e sua cidade também não dá votos suficientes e, sabendo disto é que a turma do poder - da boquinha -  começa a agir, negociando, trocando, oferecendo tudo que esteja ao seu alcance ( e até o que ainda não está) pois o negócio virou, mesmo, um negócio. Lucrativo, geralmente, para uns muito poucos. O processo eleitoral que se iniciou é um grande balcão cujo objetivo principal é a vulnerabilidade do cidadão, visto como mera mercadoria. O produto deixou de ser o simples voto e passou a ser a manutenção dos partidos políticos, facções que se reúnem nas épocas eleitorais para disputar o poder. E quase toda a culpa recai nas próprias instituições brasileiras que, ao permitir isto, provocam descrença e desconfiança nas pessoas que acabam se abstendo de participar ativamente da política. Nesta hora, em função do surgimento daquele que Bertold Brecht chamou de 'o analfabeto político', predominam as organizações que têm como base interesses (particulares) comuns, desaparece qualquer programa partidário e o resultado da eleição muitas vezes não tem a representatividade que deveria. Por tudo isto, deixei de presidir partido político e de pensar em emprestar, um dia, meu nome às urnas. Só não consegui, ainda, pagar multas por não votar. Também, nem sei se adianta.