quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

FEDERAL MIRA NA “BANDA PODRE” DA POLÍTICA


Ex-integrante de unidades de elite da Polícia Federal, como a Delegacia Fazendária, a Inteligência e a Corregedoria Regional, o titular da unidade da PF em Niterói, Victor Hugo Poubel, fecha o ano com números para lá de positivos: 3.714 inquéritos instaurados, 246 prisões em flagrante e mais de 100 mandados de busca e apreensão cumpridos. Mas, ao receber O FLUMINENSE para uma entrevista exclusiva, Poubel não queria apenas apresentar o balanço dos 12 primeiros meses à frente da DPF-Nit. Em poucos minutos de conversa, foi possível detectar o objetivo do delegado de 41 anos, dos quais 14 portando o distintivo da PF: o "xerife" queria mesmo é mandar um recado para os ladrões do dinheiro público. "Já traçamos nossas metas para 2009: além de combater o tráfico de drogas e o contrabando, seja de armas ou de componentes eletrônicos para jogos de azar, vamos reprimir os chamados 'crimes do colarinho branco' em nossa região", avisa Victor Hugo Poubel. Entre as áreas mais críticas das administrações públicas, principalmente as municipais, Poubel destaca as da Saúde e Educação. "Desvios de verbas do SUS (Sistema Único de Saúde) e de recursos destinados a projetos educacionais não serão perdoados", acrescenta Poubel. No rol de autoridades e ocupantes de cargos comissionados investigados pela PF de Niterói estão prefeitos (eleitos e reeleitos), vereadores, secretários e servidores ligados a departamentos de licitação, compras e contratos. Representantes de más empresas terceirizadas (prestadoras de serviços ou fornecedoras de material) e lobistas também são alvos de monitoramento – pessoal ou eletrônico. "O trabalho vai bem. Dos 3.714 inquéritos abertos, muitos estão em andamento e são contra políticos. Alguns vão surpreender. Em duas cidades, do jeito que as coisas vão, os prefeitos não terminarão os mandatos. Mandaremos eles para a cadeia", revela Poubel, pedindo sigilo sobre os nomes dos investigados. Aos espertalhões que buscam "blindagem" trocando linhas telefônicas, o delegado Victor Hugo Poubel manda outro recado. "A escuta telefônica não é nosso principal meio de investigação. Trabalhamos com análise de documentos e com a ajuda de colaboradores. Quando um investigado troca de telefone, somos avisados quase que no mesmo dia, por informantes ou agentes infiltrados. Por isso, não adianta correr", diz o federal, com a tranqüilidade de quem valoriza o Serviço de Inteligência. Além dos prefeitos prestes a serem presos, importante autoridade da Saúde de um município estaria a um passo da cadeia. Interessados em ajudar a Polícia Federal podem enviar denúncias para o e-mail de Poubel (dpf.cm.nri.srrj@dpf.gov.br) ou telefonar para 21-2613-8830 (plantão) ou 21-2613-8808 (gabinete). O anonimato é garantido, mas ainda há outra forma segura de colaborar: postando documentos em envelopes anônimos para a sede da PF em Niterói. O endereço é Avenida Feliciano Sodré, Praça Fonseca Ramos, sem número, Centro, CEP 24.030.020.